Se você morasse aqui, na região serrana do RS, saberia o tormento que é passar um inverno. Chuva constante, frio de gelar ossos, tosse, gripe e vontade de fazer nada. Temos vivido assim, os invernos por aqui. Um raio de sol se mostra e nos animamos achando que esse dia será diferentes dos últimos. Mal o sol começa a secar a terra molhada, o vento já anuncia: vai chover em breve! Folhamos o jornal e, na previsão do tempo, temos uma ideia dos próximos dias, das próximas semanas: chuva, muita chuva e, não poucas vezes, acompanhada de temperaturas negativas. Algum saudosista dirá que o inverno é aconchegante, aproxima pessoas que tomam um bom vinho e se aquecem nas labaredas da lareira. Como é possível isso para quem trabalha oito, dez horas por dia, em lugares distantes das mordomias das casas quentinhas? A única boa lembrança que tenho do inverno é o fogão à lenha de minha mãe. Lá sim a chaleira fumegava, o pinhão cozia e a batata doce assava no forno do velho fogão. Mas isso já não pertence ao mundo atual: falta tempo para curtir, o fogão foi substituído por uma estufa de calor artificial e a mãe já não está aqui para acender o fogo. Por essas e por outras, quero a primavera de volta, tenho direito! Quero ver as flores exibindo tons alegres e exalando perfumes que se confundem e se complementam, quero passáros melodiando canções ímpares e acasalando-se perpetuando a vida. Logo mais vai entrar setembro e ele traz a esperança de uma vida mais plena. Desde já vou pedir a Vivaldi que anuncie a boa nova. Quero a primavera da beleza e da esperança presente em mim e nos que me olham. Já estou encharcada, mereço secar no sol da primavera.
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