sábado, março 21, 2020

Desesperança? Ou esperança?

Pela minha absoluta desesperança, meu coração bate ainda mais forte. Quando não se tem mais nada a perder, só se tem a ganhar.... Frase de Caio Fernando Abreu.

A vida tem sido tão dura que só tem encontrado eco no caos. O caos seria mesmo o delineador de perspectivas?

domingo, dezembro 29, 2019

2019

Termino 2019 na terceira opção. Este emaranhado em que se resume os dias. E o que dizer do cansaço da espera? Da tentativa de autoconvencimento? Do medo do resultado? Do receio de perder a dignidade (tão cara embora tão pouco valiosa)? E as dores do corpo? E as da alma? 
Não posso afirmar que toda a esperança se foi. Sucumbiu, isto sim!
Olho para o emaranhado e percebo que a sua extensão é amplitude e, sem querer, desejo infinitamente, a mudança. 
A fé tem me acalentado. Que ela não me falte!

domingo, março 05, 2017

domingo, dezembro 04, 2016

Vivos e mortos

Diante da tragédia humana que ceifou 71 pessoas em "acidente" aéreo ocorrido em 29/11/2016, perguntas ficaram  em mim: que esmero temos com a vida? que esmero temos com a morte que não temos com a vida? 
Parece-me que carregamos com extremo cuidado caixões, cuja vida inexiste, e desprezamos a vida que pulsa em diferentes locais e pede cuidado. Ou de forma mais pontual, pouco nos preocupamos no embarque, com vida, e muito nos preocupamos com o desembarque, sem vida. Somos sensíveis com o passado e não somos cautelosos com o presente e muito menos precavidos com o futuro. Somos, no mínimo, contraditórios!

domingo, outubro 02, 2016

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Minhas incertezas levam-me a pensar que talvez as filhas da Dona Esperança já não sejam tão lindas: envelheceram? estão ultrapassadas? cansadas? E que esta talvez seja uma mãe provisória, visto que o rastro das filhas não, necessariamente, levam à mãe.

sexta-feira, março 25, 2016

Desejo

Quisera poder afirmar nesta sexta-feira santa, que minha santa vontade foi satisfeita! Eu finalmente pude esvaziar a mala, limpá-la e ir.  Desenvencilhada de tudo o que me desagrada (até da parte incomodativa de mim), desamarrada de tudo o que me incomoda, desapegada de tudo o que não me engrandece, desarticulada de pequenas coisas, posso partir. O que constituiu minha história fica na linha do tempo e serve de base para minhas escolhas. Agora faço novas escolhas: seleciono o que quero, evito o que me faz sofrer e me torno uma pessoa melhor.  Atenta e focada, caminho sem olhar pra trás; para quem olho, aceno num gesto verdadeiro de  benevolência e convido a vir comigo. Não me importa quantidade, nem hipocrisias, agrado profundamente quem está na trilha. 
Tomar uma decisão como essa é grande demais para o meu momento. Parte de mim parece estar pronta, mas outra parte ainda está presa. Esvazio timidamente a mala conservando agasalhos para o frio que pode não vir, protetores para intempéries imprevisíveis. Balanço entre um pólo e outro, muitas vezes não me reconheço porque represento. Represento superficialmente, sinto um desgaste muito grande e a mala fica cada vez mais pesada. A vida é mesmo um "delicado equilíbrio"! Temo que a corda se rompa sacudindo-me repentinamente. Se isso acontecer, lastimarei por não ter esvaziado a mala enquanto ainda era tempo.
Quando eu for suficientemente corajosa, independente do tempo pascal, eu terei feito a minha renovação. Por ora, ela é externa e precisa de chocolates para amenizar o gosto amargo que fica no final do dia.     

domingo, maio 24, 2015

Um Delicado Equilíbrio

Conclui ontem, ou melhor, na madrugada de hoje, a leitura do fenomenal romance indiano de Rohinton Mistry, Um Delicado Equilíbrio. Chorei como há muito tempo não o fazia! Chorei pela banalidade da vida humana: a miserabilidade econômica, a estupidez preconceituosa, a exploração sem mensura, a apropriação de uns pelos outros. Chorei também pela grandeza humana: a capacidade de partilhar, de amar sem limites e driblar a dureza que se chama vida. Não esqueci de chorar pela sensibilidade de quem passa e observa, se (des)encanta e por isso consegue produzir arte capaz de inserir outros na sua compaixão. Certamente não é a indiferença e a "curtição" da exposição hipócrita a que me referi na postagem anterior, que leva alguém a produzir o que este escritor produziu. E muitos de nós, também não convivem com a dureza de Dina, Om, Isvhar e dos demais personagens do romance. Mas certamente muitos carregam dores interiores que não podem ser postadas em faces. Lá só é permitido risos, lugares deslumbrantes, gente bonita, amorosa e feliz. Por isso a "rede" curte! Não escreve, não descreve, não contesta, não propõe, não reflete, não fala. Mas é claro que no interior dessa gente aparentemente feliz, também coexistem "nós" dolorosos. Não expô-los, pode ser uma proteção ou quiçá, uma fuga. Afinal, como disse Frejat, "rir de tudo é desespero". É certo que a vida é "um delicado equilíbrio". Basta ver quantos de nós rompemos a corda ou ela está por um fio.