Há sempre um vazio em mim. Não sei se isso também acontece contigo, mas em mim, nada preenche totalmente o vazio. Alguns chamam isso de caminho, outros nomeiam de horizonte ou até instinto vital. Eu não encontro poesia nessa sensação ou sentimento, por isso, prefiro a prosa. O que eu quero dizer, de verdade, sem rodeios, é que ele me incomoda. Não conhece? Vou lhe dar uma dica: imagine que você comeu muito, comeu exagerada e impiedosamente. Deveria estar satisfeito, mas dá meia volta abre a geladeira e sente que falta algo. Eu costumo dizer que é uma vontade de comer algo que não existe. Achas que isso é gula, mas não é. Essa sensação aparece sobretudo em forma de sentimentos e é aí que ela ganha consistência. É o vazio do peito, da alma, do sonho. O vazio do dia de indefinições, da noite que faz o sono sumir, do amanhecer carregado de um desejo forte de ver e sentir diferente. A ausência e a incompletude movem os humanos, dirão alguns sonhadores. Mas eu não quero mais ser movida pela falta, quero gozar da plenitude dos santos, dos superiores. Quero ao menos alimentar a certeza de que, em algum momento, o vazio será preenchido. Mas como, se até minha certeza carrega um vazio?
2 comentários:
Lindo texto! Queria seguir seu blog mas nao consegui..
Bjos
OI, Khris
Que bom que gostaste. São desabafos de final de domingo, depois de ter tido tempo de pensar em si, quando bate receio de não dar conta da semana que vem vindo. Agora podes me seguir. Um abraço
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