"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada". Clarice Lispector
Inventar verdades é coisa de quem pensa grande, de quem ousa muito e de quem lê reticências. A maioria de nós não inventa verdades, porque estamos presos ao óbvio e repudiamos, muitas vezes, o inusitado. Acho que é compreensível numa sociedade de protótipos, que enaltece a castração e eleva o modelo: de beleza, de roupa, de acessório, de carro, de pensamento, de família, de educação. A regra é sempre de aceitação ao que está dado. Quem não segue a regra é taxado de louco, fora da lei e tende a se tornar inconveniente. É muito mais fácil ser aceito quando se segue padrões. São poucos os que conseguem se manter fora do limite. É preciso muita coragem e muita criatividade para assumir o que faz sentido para si, independente do juízo do outro. Inventar "verdades inventadas", profícuas, sem ter que gastar uma vida inteira, é duro! É preciso desnudar-se num "baile de máscaras". E eu confesso que meu ímpeto inventor já foi mais forte. Adaptei-me à máscara? Ou soterrei-me cansada de deixá-la cair para depois ter que juntá-la e repô-la novamente?
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