sábado, junho 09, 2012

Frio, muito frio!

A serra gaúcha tem registrado, nos último dias, constantes temperaturas negativas.  Para mim o frio é nostalgia, é introspecção, e desejo de passagem. Lembro-me da infância: o cheiro do café feito pelo meu pai, o pinhão assando na chapa quente, a chaleira sempre cheia de água borbulhante. A lenha crepitava no fogão da cozinha, mas lá fora havia frio e silêncio. Dois mundos coexistiam: o calor de um lugar e o frio de todos os outros.
Hoje, a lembrança é vaga. Os mais de trinta anos estão longe. As pessoas se foram, o lugar se transformou. É verdade que algumas vezes ainda me vejo aquecendo os pés no calor do fogo, mas mais recorrente é o dever que me impedia de curtir o ambiente propício. Parece que o dever sempre se impõe ao prazer. Quantitativamente, 90% dever e 10% prazer. Proporção desigual, que ainda hoje persiste. Que me perdoem os amantes do frio, talvez amantes de um frio poético que inspira poetas e amantes, mas aqui, ao levantar da cama, a realidade transcende o romantismo.  Imagine-se pisando um campo com este, retratado pelo jornal local, no dia de ontem. Dificilmente comporá canções e recitará versos poéticos. Eu, já não acho graça! Quero calor e liberdade!

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