Caminhar...caminhando

Faço deste diário um percurso de vida. Da vida que gira, da gente que se vira! Nos 10, nos 30, já quase chegando aos 50. Se não fosse assim tão tortuoso, o caminho até que teria belezas, mas a cada  instante há uma curva e, quem sabe o que vem depois dela?!! A gente que girou o corpo e a cabeça para poder vencer a sinuosidade da curva, sem enjoar, sabe quão duro foi o movimento, embora nem sempre perceptível para quem olha de longe. Por um momento bateu uma saudade de "olhar de longe"!!! Poder tecer comentários inúteis, criticar sem piedade, apontar mocinhos e bandidos. Quando a gente tem que fazer o giro envolto na ciranda é muito mais difícil. Tem certeza que está sendo apontado, que não faltam exclamações como: "que decepção tive com ela"! "pensei que era mais inteligente"! "convém"! Falácias e assertativas, que já fiz e que ainda faço. 

O que vai no interior é sempre mais complexo do que o que se mostra. O interior tem buracos, subterfúgios, sótãos e teias, muitas teias. Teias de tamanha complexidade que uma aranha experiente não consegue tramar. É que a aranha tece sem duplo sentido, sem olhar enviesado, sem interesse e  sem pressão. A trama humana é muito mais complexa porque junto aos fios traçam-se também sentimentos e ressentimentos. É uma trama onde está implicada a alma e, a alma, muita vezes é pequena. 

Eu que já não era muito dada a acreditar em Papai Noel agora, nem que ele desça triunfante, embora gorducho, de uma fina chaminé à minha frente, viro as costas indiferente e desacredito da materialidade do presente que ele tenta me ofertar. Fiquei ainda mais dura! Com um detalhe a mais: também fui dura! Tipo "olho por olho". E sabe do que mais, não sinto remorso. Talvez eu tenha matado a coitadinha, a interiorana, a temerosa. Não sei se queria matar, mas muitas vezes, a bifurcação à nossa frente tem poucas opções. Matei pronto, está morta. Quem sabe ela nem estava tão viva? 

Bem, chega de conjecturas pois, caso não saibas, amanhã é segunda-feira. E a vida... continua dura!!