Olhando as setas indicativas que apontam para um percurso feito, 2013, e um percurso a fazer, 2014, penso que a vida é isso mesmo: uma sucessão de setas indicativas. Eu, ao longo de meus 48 anos, tenho uma coleção delas. Mas indicam o quê? Metas alcançadas? Obstáculos superados? Amores perdidos/encontrados? Horizontes enigmáticos? Cansaços? Frustrações? Vitórias? Bagagem. Bagagem cheia de vida vivida; ora vazia, ora plena. Comparando a vida a uma mala que acopla uma bagagem temos a mostra de como ela é versátil: roupas, pentes, cremes e absorventes. Ah, não vamos esquecer das roupas quentes e frias, afinal as estações mudam a cada mês, a cada dia. Tudo cabe numa mala. Ás vezes "socamos" as coisas para que ocupem um lugar que não existe, às vezes se perdem num espaço sem dono. Também na vida muitas vezes socamos afazeres, talvez porque não queiramos que os que estão lá embaixo, se atrevam a subir e ganhar evidência. Isso deixa a mala pesada; a vida pesada. Por conseguinte, quando temos apenas alguns objetos para carregar, a mala fica deselegante. Perfeito seria carregar uma mala moderada, charmosa, sofisticada de simplicidade. Perfeito seria ter a vida moderada, mas como se ela oscila conforme o nosso compasso e, quase sempre no compasso dos outros. É a loja que fecha, é o gás que acaba, é o outro que pede licença (ou não pede!). Nós não somos só nós e nossas tralhas, somos e dependemos das tralhas dos outros. Isso avoluma e pesa!
Eu queria mesmo, em 2014, espalhar muitas das coisas que trago na minha mala. Sei que não me farão falta; as coisas importantes não se espalham, permanecem em nós. Queria seguir livre de chinelos e vestido de chita. Eu não sei o que a seta 2014 me aponta. Mas ela não é dona de meu destino. Se necessário, mudo a rota ou dou meia volta. O retorno nem sempre implica em tempo perdido, perder ou encontrar depende da gente. E a gente não anda em linha reta: faz e refaz, vai e volta em circuitos sucessivos que misturam o tempo passado, o tempo presente e até mesmo o futuro.
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