Houve um blecaute e todas as lâmpadas silenciaram. A negritude e o esquecimento transformaram em dúvidas o que parecia clarividente. A análise simplista do entorno calava os medíocres já que nada enxergavam. Para estes, somente a explicitação da luz os faz ver; só veem o óbvio e este não é visto senão no clarão. Outros, superiores e capazes de tatear, levantaram hipóteses, descortinaram belezas que se traduziram em dúvidas e, pasmem, se olharam. No escuro, se reinventaram e redescobriram os que os acompanhavam. Se não há o escrutínio da luz, há o som, há o tato, há o olfato enfim, o cérebro sobrevive à escuridão. De repente uma das lâmpadas se acendeu! A grande oportunidade dos primeiros retomarem à vida. Em vez disso, lamentaram a não totalidade da claridade ignorando a brevidade do tempo. Já não há certeza de que tudo se reacenderá. Também não se descarta a possibilidade do breu retornar. O que farão estes se a ausência da luz persistir e seu imaginário não clarear?
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