Conclui ontem, ou melhor, na madrugada de hoje, a leitura do fenomenal romance indiano de Rohinton Mistry, Um Delicado Equilíbrio. Chorei como há muito tempo não o fazia! Chorei pela banalidade da vida humana: a miserabilidade econômica, a estupidez preconceituosa, a exploração sem mensura, a apropriação de uns pelos outros. Chorei também pela grandeza humana: a capacidade de partilhar, de amar sem limites e driblar a dureza que se chama vida. Não esqueci de chorar pela sensibilidade de quem passa e observa, se (des)encanta e por isso consegue produzir arte capaz de inserir outros na sua compaixão. Certamente não é a indiferença e a "curtição" da exposição hipócrita a que me referi na postagem anterior, que leva alguém a produzir o que este escritor produziu. E muitos de nós, também não convivem com a dureza de Dina, Om, Isvhar e dos demais personagens do romance. Mas certamente muitos carregam dores interiores que não podem ser postadas em faces. Lá só é permitido risos, lugares deslumbrantes, gente bonita, amorosa e feliz. Por isso a "rede" curte! Não escreve, não descreve, não contesta, não propõe, não reflete, não fala. Mas é claro que no interior dessa gente aparentemente feliz, também coexistem "nós" dolorosos. Não expô-los, pode ser uma proteção ou quiçá, uma fuga. Afinal, como disse Frejat, "rir de tudo é desespero". É certo que a vida é "um delicado equilíbrio". Basta ver quantos de nós rompemos a corda ou ela está por um fio.
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